De verdade, entenda, é quando o encantamento realmente faz a gente
sorrir. Coisas que já me importaram à beça já não me importam nem um
pouco, enquanto aquilo que essencialmente sempre teve importância me
importa, agora, com maior espaço e nitidez. Como deve acontecer com
outros tantos aprendizes da coragem, às vezes, cansadíssima das lições e
dos recursos do método pedagógico, eu recordo que a covardia, pelo
menos na aparência, é bem mais fácil, bem menos trabalhosa, e, claro,
bem mais egoísta, eu já estive lá com mais frequência do que ainda, às
vezes, me hospedo. Mas aí, justo neste ponto, costuma acontecer algo bem
bonito: também recordo de cada flor que veio à tona só porque tive
coragem de cuidar da semente. Só porque eu cuidei. Só porque eu não me
acovardei, mesmo que tantas vezes com todo medo do mundo.
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